Porto Alegre, RS,
15 de dezembro de 2025.



CHEGUEI AOS 80 ANOS

Completar oito décadas de vida, mais do que um privilégio, é uma divina graça.

Guardo a fé. O avanço etário me desperta sentimentos puros e opostos.

Ciente de que é comparativamente curto o trecho de marcha ainda a percorrer, assola-me certa dose de pressa em realizar mais, em prol da vitória do bem, um pouco mais de boas obras, pois, creio firmemente, só elas e a fé que guardo contarão a meu favor quando eu estiver perante o Justo Juiz, perante a revelação das minhas verdades.

Em contraposição a essa ânsia por pressa, tranquiliza-me a convicção de que Ele, o Justo Juiz, em sua sábia contabilidade, já avaliou suficientemente o uso do tempo de marcha que me foi até aqui concedido e que, diante disso, não preciso acelerar a cadência. Devo apenas, sem sobressaltos, no que estiver ao meu limitado alcance, prosseguir em marcha normal, balizar-me pelo culto ao bem, pela prática da caridade e pelo justo tratamento aos meus semelhantes.

Guardo a fé. Entre esses sentimentos puros e opostos situa-se a condução da minha peregrinação.

Profundo e abundante sentimento de gratidão me envolve.

De alma serena e submissa elevo preito de gratidão ao Pai Celestial por me ter permitido, gozando lucidez e mobilidade, alcançar este marco na marcha da vida.

Sou-Lhe grato pela família com que me agraciou, pelos amigos com que me presenteou, pelos profissionais que cuidaram da minha saúde, pelos religiosos que contribuíram para meu crescimento espiritual, pelos incontáveis conhecidos e anônimos que, ao longo do percurso, Ele posicionou em amparo à minha marcha.

Guardo a fé. Servo de Deus, absolutamente dependente das divinas luz e proteção e nelas confiante, cônscio da minha pequenez, agradecido, livre de mágoas, em paz de espírito, orando com perseverança, em constante busca de aperfeiçoamento e da companhia amiga de Jesus, é assim que completo 80 anos, é assim que prosseguirei minha marcha ao encontro do dia eterno, da plena visão.

Brochado